segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Procurou por outros caras, mas nunca percebeu que eu estava aqui amando-a

   Tinha acabado de chegar no colégio quando ela veio correndo me abraçar, estava chorando, soluçando, e balbuciando coisas que eu não entendia.
- O que houve meu anjo?- Falei afastando-a para poder olhar o seu rosto e enxugar suas lágrimas.
- Ele... aquele idiota...aquele babaca..- Ela não conseguia falar direito.
- Quem? Quem é o idiota?
- Ah, até parece que você não sabe.- Falou ela se afastando e sentando no chão.- O Thiago.- Ela pôs as mãos  na cabeça.
- O que esse cara fez agora? Sério, pode dizer que eu vou atrás dele.
- Não, você não vai atrás de ninguém.- Ela me puxou, fazendo-me sentar.- Sabe o que você pode fazer para me ajudar?
- O que?
- Me ajuda a esquecer, me faz pensar em outra coisa, qualquer coisa.
- O que quer que eu faça?- Fiz cara de desentendido e ela simplesmente riu.
- Não sei, conta uma piada.
- Mas eu não lembro de nenhuma piada agora.
- Ah, então faz alguma coisa!- Ela começou a ficar emburrada.- Tu é meu melhor amigo? Então me ajuda, faz algo.
  Quando ela falou isso, passou na minha mente todos os momentos que eu queria ser o Thiago, o namorado dela, o cara que ela amaria, não o cara que a faria chorar. Estava morrendo de raiva dele, mas eu queria ajuda-la e não sabia o que fazer. Então sem pensar a beijei.
- O-o-o que vo-o-cê fez?- Ela falou tocando os lábios.
- Eu acho que a beijei.- Falei meio envergonhado.
- Isso eu sei, não sei porque fez isso.
- Porque.. porque você pediu para eu fazer algo, e foi o que deu na cabeça.
- O que deu na cabeça?- Ela estava confusa.
- É Aila, o que veio na minha mente, uma coisa que eu sempre quis fazer, mas nunca tive o momento. E eu sei, agora não é o momento para você. Mas...- Eu realmente não sabia explicar.- Ah, quer saber. Eu gosto de você, Aila, eu sempre gostei.
- Gosta? Porque nunca falou antes?
- Porque você vive atrás de outros caras, de caras novos, mas nunca olhou que tinha um ao seu lado o tempo todo.- Eu a beijei novamente, só um selinho. Ela não se afastou.
- Eu preciso de alguém que se importe comigo.- Aila sussurrou.
- Eu me importo.- Respondi.
- Eu preciso de alguém que me ame.
- Eu te amo.
- Eu preciso de alguém que não minta.
- Eu não estou mentindo, e não pretendo mentir. Aila, eu quero você ao meu lado, quero cuidar de você, quero ser seu ombro amigo, como sempre fui, mas...- Eu não pude terminar a frase, ela havia me beijado, a garota que a pouco tempo estava com o coração partido por outro cara, agora estava me beijando, e eu sabia que conseguiria curar o estrago que ele havia feito. Minha melhor amiga, meu amor, e futuramente, porque não minha namorada?

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Uma guria do curso

Era sábado a noite, estava em casa sem nada a fazer,resolvi usar o computador, para distrair um pouco, não sei, sair do tédio. Liguei, entrei no msn, no facebook, orkut, tumblr, enfim, em todas as redes sociais. Após ter visto tudo, já quase de saída alguém puxou conversa comigo no msn. Era o Daniel, cara lindo, esperto e super, super gente boa, eu babava por ele desde que era quinta série.
 Daniel diz:
* Oi Lu
 Luisa diz:
* Oi Dani *-*
 Daniel diz:
* Tá sabendo que a galera do curso está marcando um encontrão no shopping?
 Luisa diz:
* Poxa, nem sabia.
* Vai ser quando?
 Daniel diz:
* Na sexta.
 Luisa diz?
* Mas sexta é amanhã, logo tão assim em cima da hora?
 Daniel diz:
* É, eu sei. Tem algo marcado é? Vai estar ocupada?
 Luisa diz:
* Nem tenho nada, o problema é pedir ao papis.
 Daniel diz:
* Ah, então pede com bastante carinho para ele deixar. ;)
 Luisa diz:
* Hahaha, pode deixar, vou pedir.
* Ei, eu já tô saindo, beijos. :*
 Daniel diz:
* Ok, beijos. :*
* Não se esquece de pedir com carinho, quero muito te ver lá.
     Luisa esta offline
 Perceberam?! Perceberam?! Ele queria me ver! Ele queria que eu fosse! Ai céus, Daniel Cavalcante queria que eu fosse ao encontro do curso, ele fazia questão!
 Não, eu não vou me animar tanto, de repente ele só falou isso... por falar, por ser legal. Coloca a cabeça e o coração no seu lugar Luisa, o que um cara como ele veria em você. Logo você. Até parece.
    Desliguei tudo, tomei banho e fui dormir. Acordei bem cedo, arrumei a mesa do café, cortei as frutas, e fiz tudo o que meu pai adorava. Quando ele desceu ficou meio impressionado.
- Hoje é o dia dos pais e eu não sabia?- Perguntou ele.
- Não pai, que isso. Eu não posso querer agradar meu pai tão querido uma vez na vida?- Falei fazendo beicinho.
- Claro que pode. Aham.- Ele falou e bebeu um pouco de café.- Pode dizer, o que você quer? A chave do carro? Dinheiro? A casa?
- Que isso paizinho, eu iria fazer algo assim só para te pedir algo?
- Então tá, se você diz...
   Fui na cozinha, fiz meu café e sentei ao lado dele para comer.
- Paiê!
- Que foi Luisa?
- É que... tem um encontrão hoje... da galera do curso...
- E deixa eu adivinhar, você quer muito ir, porque senão vai ficar em casa deprimida e muito solitária?- Ele me interrompeu.
- ô pai, deixa vai. Por favor!- O abracei com força.
- Ok, ok, só porque fez um bolo tão gosto, e preparou tudo isso.
- Oba, obrigada, obrigada, obrigada.- Falei e subi correndo.
   Passei o resto do dia me arrumando, cantarolando, minha mãe chegou a perguntar umas três vezes qual era o motivo de tanta felicidade, mas eu não queria dizer, não queria contar com algo que poderia não acontecer.
    Deu seis horas, fui tomar banho e me arrumar, para poder chegar lá mais ou menos umas oito horas.
    Cheguei um pouco tarde, oito e meia quase. Falei com todos que estavam presentes, um monte de pessoas chatas e falsas que não me dou muito, só faço esse curso porque é bom para o futuro, mas estar ao lado deles... o único que se salvava era o Dani, mas ele não tinha chegado ainda.
    Deu nove horas, dez horas, dez e meia, então a galera começou a cada um ir para suas casas, e nada do Daniel aparecer. Que droga, eu fiz tudo aquilo para poder estar aqui e ele nem se deu o trabalho de vir, que idiota, que droga, eu sabia que não deveria esperar coisa boa, como sou boba. Sai correndo para casa, sem nem me despedir de ninguém, acho até que ninguém havia notado que eu não estava mais lá.
   Cheguei em casa e fui logo dormir, me joguei na cama que não queria pensar em mais nada. Na madrugada meu celular tocou, era um sms, nem quis ver, estava cansada, além, quem seria o desocupado que estaria mandando mensagem as três da manhã?
   No dia seguinte, como era sábado acordei mais tarde, mas assim, bem mais tarde, meio dia e pouco, desci e minha mãe foi logo gritando comigo, porque eu tinha acordado tão tarde, porque eu tinha perdido a manhã inteira e depois ela disse que tinha um garoto que havia passado aqui umas três vezes procurando por mim.
- Garoto? Que garoto?- Perguntei olhando para ela.
- Um garoto, um metro e setenta e pouca, cabelos claros, olhos castanhos. Eu já disse a ele para vir a tarde, ou a noite, mas ele insiste em falar contigo logo.
   De início pensei que era o Lucas, um amigo meu que anda e vira dá essas doidas e diz que tem algo urgente para me contar. Mas o que seria que ele iria me contar? Ah, vou ligar para ele. Subi, as escadas, e fui a procura do meu celular, alguém tinha me mandado um sms ontem, quem sabe não era dele.
   Chegando lá peguei o celular e a mensagem era " Preciso fl ctg, urgente!" mas o número de quem tinha mandado eu não conhecia, com certeza não era o Lucas, já  que se fosse ele estaria uma mensagem imensa, nada abreviada. Mandei uma mensagem de volta perguntando quem era e fui tomar um banho. Quando estava em baixo do chuveiro tocou, anunciando que chegava outra mensagem. Assim que terminei o banho me enrolei na toalha e fui ver a mensagem " Me encontra daqui a meia hora na praça em frente a tua casa." Ai céus, agora essa, quem me mandou o sms? E se fosse um maluco? Nem nome colocou. Vou pedir a alguém para ir comigo, já sei, vou ligar para a Nathália, ela vai topar.
    Tudo certo, estávamos eu e a Nathália na praça meia hora depois, sentadas num banquinho.
- Oi Lu.- Chegou Daniel sorridente.
- Olá Daniel.- Respondi de forma bem curta e grossa.
- Oi Nath.- Ele pareceu notar minha cara feia ao falar com ele.
- Oi.- Ela sorriu forçado, eu já tinha contado o quase bolo que ele tinha me dado ontem.
- Eu queria falar contigo, Lu.
- Pode falar.- Cruzei as pernas e o encarei.
- A sós, pode ser?- Ele levantou a sobrancelha e olhou para a Nath.
- O que você tem a falar que não pode ser em frente a ela?- Respondi.
- Não, é só que eu queria falar de ontem e ...
- Ah, então não precisa ser a sós, minha amiga já sabe do ... bolo que você me deu.- Eu o interrompi.
- Bolo?- Ele levantou apenas uma sobrancelha.
- É, bolo, bolinho, um cupcake. Fez questão que eu fosse ao encontrão e não foi.- Levantei e fiquei frente a frente com ele.
- Cupcake?- Ele riu.
- Não é para rir!- Eu falei irritada batendo o pé no chão.- Aff, o que está fazendo aqui? Só tirando minha concentração, porque eu acho que tem um maluco vindo me encontrar, ai me deparo contigo.
- Perae.- Ele falou meio que surpreso.- Vai se encontrar com um maluco?
- É, é. Umas mensagens ai, de alguém marcando para encontrar comigo, e eu não sei quem é, só pode ser um maluco pedófilo.
   Foi o que bastou, eu falei isso e ele só faltou deitar e rolar no chão de tanto rir, fiquei com a maior cara de tacho sem entender o que se passava. Já estava me virando para ir embora quando ele pegou meu braço e parecia se esforçar para não voltar a rir.
- Lu, o seu maluco pedófilo sou eu.- Ele falou.
- Como é?- Encarei-o sem entender.
- Eu que mandei a mensagem pedindo para você me encontrar aqui.
- E como conseguiu meu número?
- Ah, eu tinha porque um tempo atrás tinha pedido a Mari.
- Ah sim... A Mari te deu meu número.
   Nesse momento a Nath levantou.
- Bem, se não há nenhum maluco, ou pedófilo atrás de ti, acho que não se importa se eu for embora.
- Perae. Não! Tem sim um maluco aqui, olha só, não viu ele rindo? Não sentiu algo diabólico vindo dele não?- Dessa vez todos rimos, foi idiotice minha falar aquilo.
- Ah, com esse tipo de maluco você se entende sozinha. Até.- Só falou isso e saiu. De início fiquei olhando-a dobrar a esquina, até perceber que tinha alguém me encarando.
- O que você queria falar comigo?- Cruzei os braços.
- É sobre ontem.
- Ah, o cupcake que tu me deu?
- Que porra é essa de cupcake?- Ele perguntou.- Ah, quer saber, esquece, depois tu me diz o que é, o importante é que eu quero me desculpar por não ter ido ontem... é que pintou problema lá em casa, e foi uma confusão geral, nem sei direito explicar o que aconteceu, só sei que terminou lá pela madrugada.
- Que foi quando você me mandou a mensagem?
- Exato. Mas você demorou de responder, resolvi passar na sua casa, fui lá várias vezes e sua mãe disse que você ainda estava dormindo.
- Tá, tudo bem.
- Cara, você dorme demais hein.
- Ah, não vai reclamar do meu sono. Tava revoltada.- Falei fazendo bico.
- Com o que?
- Com alguém que me deu bolo. Mas é né, não sou nada de importante, só uma guria do curso.
- Uma guria do curso?- Ele levantou a sobrancelha.- Só uma guria do curso?
- É.
- Queria eu que você fosse só mais uma guria do curso, seria bem mais fácil, eu nem teria pedido para tu ir, não faria questão, também não me importaria de pedir desculpas, ou explicar nada.
- Quer dizer... Eu não sou só uma guria do curso?
- Porque achou que era? Você nunca foi só uma guria do curso para mim.
- Ah, então, o que eu sou?- Não pude conter meu sorriso, que estava tão grande que sentia que minhas bochechas iam rasgar.
- O que você é para mim? Hm... como posso explicar em palavras...- Ele fez uma careta forçada de quem estava tendo dificuldades em achar a palavra certa, mas depois começou a rir.- Lu, desde o dia que entrei naquela sala e ti vi, eu sabia que você tinha algo de especial, esse jeito meigo, encantador, e após te conhecer... Nossa, ficava procurando motivos, besteiras para poder ir falar contigo, qualquer coisinha era motivo de ir, as vezes eu escondia meus livros, só para poder sentar ao seu lado. Eu sei, você pode achar bobagem, e idiotice, mas é que eu não sei direito como falar... Mas, acho que posso te mostrar melhor que falar.
   Ai então ele me beijou. Sim, eu não estava sonhando, fiz questão de dar uma beliscadinha no meu braço, eu não acredito, Daniel, falou isso. E cara, o que eu estou fazendo pensando? Eu tenho mais é que retribuir esse beijo tão perfeito!