quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Minha pequena.

- Você vai sozinha? Mas, Mal, você sozinha?- Disse meu melhor amigo no restaurante.
- Claro que vou, qual o problema de ir para casa sozinha?- Respondi irritada.
-  Porque é perigoso sair sozinha.
- Mas a Lea foi sozinha para casa, eu também posso.
- Mas a Lea... é a Lea.
- E o que ela tem que eu não posso ter? Aff Math, eu to indo, e vou sozinha, você que ouse me seguir.- Falei e fui andando.
  Sempre fui a mais nova da turma, a baixinha, a meiguinha a fofinha e tal. Não vou mentir, as vezes é legal, claro, posso até tirar proveito dessa minha situação, mas é que... Não sei se vão me entender, exceto que assim como eu você seja a menor da turma. Todos me olham como a guriazinha, a pequenina, a bebêzinha, enfim, todos me vêem como a irmã mais nova, infelizmente, até o Henry.
   O conheci num dia de verão, estava toda a galera na praia surfando quando ele resolveu se aproximar, conversando sobre as ondas e tal, estava lindo, ele é lindo, mas em momento algum olhou para mim,  quer dizer, nunca olhou para mim como eu queria.
   Cheguei em casa bem, o Math me ligou perguntando como foi minha caminhada, ele me tratava como bebê, era irritante, mas deixei para lá e fui me arrumar para dormir.
No dia seguinte acordei bem cedo, peguei minha prancha e sai, fiquei de encontrar todo mundo na praia. Fui a primeira a chegar, quer dizer... era sete horas ainda, claro que eu não deveria achar ninguém, eu nem deveria estar aqui, mas algo ... me tirou da cama, uma sensação estranha.
   Resolvi que ia esperar um pouco alí mesmo, então sentei e fiquei com o olhar fixo no mar, mas minha mente viajava.
- Hum... bem que eu estava sentindo um cheirinho de fumaça.- Ouvi uma voz falando atrás de mim. Era o Henry.
- Bom dia para você também. O que faz aqui a essa hora?
- Se viesse para cá todo dia de manhã saberia que costumo  a correr.
-  Você corre? Maneiro.
- É.- Ele sorriu para mim
   Sorri de volta e voltei a olhar para o mar, estava meio intrigada,
- Você quer mesmo começar um incêndio né?- Disse ele interrompendo meus pensantes.
- Eu quero o que?- Do que esse cara estava falando? Ele riu e apontou para minha cabeça- Ah, saquei, vou, vou queimar tudo.- Falei de certa forma... meio ignorante.
- O que houve?- Ele perguntou ficando mais sério.
- Nada.
- Se não fosse nada, você não estaria desse jeito.
- Porque não?
- Porque você não é assim. Vai, conta aí!
- Aff, está bem. Você estava ontem no restaurante. Viu como o Math me tratou? Isso me irritou.
- Ah, que isso, Mal, ele só queria te proteger.
- Mas parece que sou um bebê. Todo mundo me trata como um bebê. Isso é irritante.
- Nem é todo mundo.
- Claro que é, todos os meus amigos, meus parentes, até os professores, daqui a pouco chega um salva-vidas pedindo para eu botar uma bóia.- Ele riu.
- Eita exagero.
- Nem é exagero. Você não entende. Todo mundo me vê como a irmão mais nova, a bebêzinha, a bonequinha de porcelana.- Falei e olhei para o mar.
- Nem é todo mundo.
- Não é? Ah tá, me diz uma pessoa.
- Eu. Quer dizer, não a vejo como a irmã mais nova, ou a bebêzinha, talvez boneca de porcelana.- Ele falou e segurou no meu queixo, me fazendo olha-lo.
- Como assim? O que quer dizer?- Eu não entendia.
- Ué. Você é crescidinha não? Então lê nas entrelinhas, Mal.- Ele falou e veio se aproximando de mim.
   Eu sabia que não precisava dizer mais nada, quer dizer, eu não sabia o que fazer... O cara que eu gostava estava tão próximo de mim... Eu simplesmente o beijei, e foi bom, demorado... Ficamos nos beijando por um tempinho, até a galera chegar fazendo barulho e zoando. Então ele parou, levantou e estendeu a mão para mim falou:
- E então, essa minha pequena quer pegar algumas ondas?

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